A dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável associada ou semelhante àquela associada a dano real ou potencial ao tecido.
International Association for the Study of Pain, 2020
A dor é multidimensional
Tem um impacto emocional e social com diminuição de Qualidade de Vida;
É subjectiva. Não tem marcadores biológicos quantificáveis;
É tão importante para a saúde que é equiparada ao 5º sinal vital.
A dor é frequente
25 a 50% das consultas de Cuidados de Saúde Primários devem-se a dor;
20% são motivadas por Dor Crónica.
A dor é complexa …
É um fenómeno complexo e biopsicossocial que exige uma abordagem multidisciplinar e interdisciplinar.
Dor Aguda e Crónica
Aguda: início recente e provável duração limitada, relacionada normalmente com uma causa definida;
Crónica: dor prolongada no tempo, de forma contínua ou recorrente, que existe há 3 meses ou mais ou quando persiste após o curso normal de uma doença aguda ou cura da lesão que lhe deu origem. Tem difícil identificação temporal e/ou causal, podendo manifestar-se por com várias características.
Tipos de dor crónica
Nociceptiva: Dor com origem nos nociceptores mecânicos, térmicos e químicos, junto da área física em que ocorre o estímulo que a origina. Ocorre com o Sistema Nervoso Somatosensorial anatómica e fisiologicamente saudável. Divide-se em Somática ou Visceral;
Neuropática: Dor iniciada ou causada por uma lesão ou disfunção primária do sistema nervoso (central, periférico ou autónomo);
Nociplástica: Dor que ocorre por alteração da nociceção, sem lesão tecidular ou nervosa conhecida;
Dor mista: Combinação de alguns tipos de dor descritos acima.
Locais frequentes de dor crónica
Dor na coluna lombar (lombalgia)
A dor, tensão muscular ou rigidez, que ocorre ao nível da região inferior das costas e/ou região da nádega é denominada lombalgia ou dor lombar. É uma das principais queixas em contexto de consulta, com impacto significativo na população. Inclusivamente, é uma principais causas de absentismo laboral. A dor lombar é frequentemente acompanhada por dor nos membros inferiores. No entanto, apenas um reduzido número de casos se deve a uma verdadeira lesão do nervo ciático (conhecida como “ciática”). A lombalgia pode condicionar o doente por limitações na mobilidade, absentismo laboral e incapacidade para as atividades de vida diária. A história clínica e o exame físico são geralmente suficientes para o diagnóstico não sendo sempre necessário a realização de um exame complementar de diagnóstico. Em certas situações o seu Médico poderá solicitar alguns exames para esclarecimento da situação. Na maior parte dos casos consegue-se uma melhoria das queixas após tratamento conservador que pode incluir terapêutica analgésica e repouso. Nos restantes casos poderão ser necessários tratamentos de reabilitação, abordagens minimamente invasivas e, raramente, cirurgia.
Dor na coluna cervical (cervicalgia)
As causas mais comuns de dor na região cervical são: artrose, hérnia discal e síndrome miofascial. A espondilose cervical consiste num processo degenerativo, gradual, que pode afetar as vértebras, as articulações, os discos e os ligamentos desta região. Está associada ao processo natural de envelhecimento, com o aparecimento de osteófitos (deformidades ósseas chamadas “bicos de papagaio”) e diminuição do espaço entre as vértebras (por desidratação do disco que existe entre elas). Os discos funcionam como “almofadas” que absorvem a tensão entre as vértebras e facilitam os movimentos da coluna. Por vezes, os discos podem estar herniados (deslocados) causando dor na região cervical ou no ombro com irradiação para o antebraço e mão. A origem da dor também pode estar nas facetas, pequenas articulações situadas na parte posterior da coluna. Na maioria dos casos, o tratamento conservador é eficaz com medicação analgésica, anti-inflamatória e miorelaxante. Em casos refratários ao tratamento conservador poderá ser necessário recorrer a técnicas minimamente invasivas. A síndrome miofascial na região cervical é caracterizada por uma dor com origem nos músculos, com pontos hipersensíveis nos mesmos (pontos gatilho). Pode ocorrer por má postura ou técnica incorreta no levantamento de pesos. Os músculos mais frequentemente afetados são o trapézio e o esternocleidomastoideu. O tratamento tem como objetivo inativar os pontos gatilhos para reduzir a dor.
Dor no ombro (omalgia)
As lesões dos músculos da região do ombro são frequentes e ocorrem geralmente por gestos repetidos acima do nível do ombro, por traumatismo ou por artrose do ombro. Pode dificultar algumas atividades de vida diária (pentear, barbear, vestir a parte superior) e perturbar o sono, nomeadamente quando o doente tem o hábito de dormir sobre o ombro afetado. Muitas vezes pode ser acompanhada de sensação de falta de força no braço. Durante a consulta, o exame físico realizado pelo médico permite, na maioria dos casos, chegar a um diagnóstico. Nalguns casos pode ser necessário realizar estudos imagiológicos, como por exemplo radiografia, ecografia e ressonância magnética. Na maior parte das situações o tratamento conservador é eficaz. No entanto, podem ser necessárias abordagens minimamente invasivas, através de injeção de fármacos no ombro, para obter uma melhoria das queixas.
Dor na anca (coxalgia)
A dor na anca é uma queixa frequente e uma causa importante de procura de cuidados médicos. Apresenta-se em muitos dos casos com limitação funcional para as atividades de vida diária e/ou atividade laboral. A anca está envolvida em muitas atividades como, por exemplo, caminhar, subir e descer escadas ou levantar de uma cadeira. A dor na anca pode ter várias causas como artrose e inflamação de diferentes estruturas (tendões ou músculos). A pessoa pode sentir dor a nível da virilha, coxa, nádega ou joelho. A artrose da anca é frequente e a dor surge de forma progressiva e piora com a carga e o movimento, aliviando com o repouso. Outras situações podem ocorrer como trocanterite, síndrome da banda iliotibial ou conflito femoro-acetabular. O exame físico pode ser complementado com exames complementares de diagnóstico para esclarecimento do diagnóstico. Na maior parte dos casos consegue-se uma melhoria das queixas após tratamento conservador que pode incluir terapêutica analgésica e repouso. Nos restantes casos poderão ser necessários tratamentos de reabilitação, abordagens minimamente invasivas e, raramente, cirurgia (por exemplo, prótese da anca no caso da artrose).
Dor no joelho (gonalgia)
A gonalgia é uma causa frequente de procura de cuidados médicos que afeta todas as idades. A sua localização e intensidade podem variar consoante a estrutura afetada (ossos, ligamentos, meniscos e tendões). As causas mais comuns incluem artrose, lesão meniscal, ligamentar ou tendinite. O envelhecimento, a prática de certos desportos, lesões traumáticas ou certas profissões podem contribuir para o seu aparecimento. A dor no joelho pode ser acompanhada por perda de mobilidade, joelho inchado (edema), estalar / ranger do joelho e falta de força durante a marcha. Esta situação leva a uma diminuição da qualidade de vida e em casos mais graves pode levar a absentismo laboral ou condicionar a vida do doente. Durante a consulta, o exame físico realizado pelo seu médico assistente permite, na maioria dos casos, chegar a um diagnóstico. Nalguns casos poderá ser necessário realizar estudos imagiológicos, como por exemplo radiografia, ecografia e ressonância magnética. Na maior parte dos casos consegue-se uma melhoria das queixas após tratamento conservador que pode incluir terapêutica analgésica e repouso. Nos restantes casos poderão ser necessários tratamentos de reabilitação, abordagens minimamente invasivas e, raramente, cirurgia (por exemplo, prótese total do joelho no caso da artrose severa).
Dor no punho e mão
A dor no punho e mão pode ser limitadora a diferentes níveis desde atividades do dia-a-dia a incapacidade laboral. A dor pode ser associada a outra sintomatologia como diminuição da força, sensação dormente ou formigueiro e alterações na sensibilidade. Entre as causas mais frequentes destaca-se: síndrome do túnel cárpico, tenossinovite de De Quervain (inflamação dos tendões do polegar), dedo em gatilho ou artrose do polegar. A síndrome do túnel cárpico condiciona uma sensação de dormência e formigueiro provocado por compressão ou irritação de um nervo no punho. A tenossonovite de De Quervain está associada a uma compressão dos tendões do polegar e surge no contexto de movimentos repetitivos e traumáticos do punho como, por exemplo, no contexto de atividades desportivas ou profissionais. O dedo em gatilho (dedo em mola) resulta da inflamação dos tendões responsáveis por dobrar os dedos com sensação de dedo preso e um ressalto quando se tenta estica-los. A artrose do polegar afeta mais mulheres com idade superior a 40 anos de idade sendo, por vezes, bilateral. A dor e inchaço na base do polegar podem dificultar o agarrar de objetos. Na maior parte dos casos consegue-se uma melhoria das queixas após tratamento conservador que pode incluir terapêutica analgésica e repouso. Nos restantes casos poderão ser necessários tratamentos de reabilitação e abordagens minimamente invasivas, como infiltrações.
Dor no cotovelo
A doença mais frequente e associada a dor no cotovelo é a epicondilite (cotovelo de tenista). A epicondilite pode surgir no braço dominante e não dominante. Resulta de uma degeneração/inflamação dos tendões extensores do punho por movimentos repetitivos. Pode ser acompanhada por falta de força dificultando tarefas simples do dia-a-dia como rodar um puxador. Esta dor pode ser acompanhada por falta de força e irradiar do cotovelo para o punho / antebraço. O diagnóstico pode ser realizado unicamente pelas queixas e exame físico. Na maior parte dos casos consegue-se uma melhoria das queixas após tratamento conservador que pode incluir terapêutica analgésica e repouso. Nos restantes casos poderão ser necessários tratamentos de reabilitação ou abordagens minimamente invasivas como infiltrações.
Websites úteis em dor crónica
Associação de Apoio às Pessoas com Cancro - Pct. João Villaret, nº 199 - 4460-337 - Srª da Hora - Matosinhos - Tel.: 229 519 130 - Email: associacao.aapc@gmail.com
Associação de Doentes com Artrites e outros Reumatismos da Infância - Rua Quinta do Loureiro,Lote 4, Loja 2 - 1350-410 Lisboa - Tel: 21 352 09 45 Fax: 21 352 09 45 - e-mail: andai@andai.org.pt
Associação de doentes de dor crónica dos Açores - Rua Dr.Aristides Moreira Mota, 69 - 9500-054 Ponta Delgada - Telf/FAX: 296 654 454 | Telm: 910 696 806
Associação de Doentes com Lúpus - Praça João do Rio, nº 9 - r/c Dtº - 1000-180 Lisboa - Tel. 218 464 483 - e-mail: associacao.doentes.lupus@gmail.com
Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares - Tel.: 21 854 07 40/8 - Tlm: 96 898 21 50 - Email: adeb@adeb.pt
Associação Nacional de Doentes com Artrite Reumatóide - Parque da Saúde de Lisboa, Pavilhão 24. Av. do Brasil, n.º 53 - 1700-063 Lisboa - Tel. +351 217 937 361 - e-mail: andar@andar-reuma.pt
Associação Portuguesa de Familiares e Amigos dos Doentes de Alzheimer - Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3 Quinta do Loureiro. 1300-125 Lisboa. Telefones: 213 610 460. Fax : 21 361 04 69 - E-mail: geral@alzheimerportugal.org
Associação Portuguesa de Pais e Doentes com Hemoglobinopatias - Avenida de Professor Ruy Luís Gomes, nº11 - R/Ch - Dto, Laranjeiro - 2810-274 Almada - Telf / Fax: +351 211 813 742 - Telf.: +351 217 167 182 - Telms: 967 690 577 - Email: sede@appdh.org.pt
Associação Portuguesa para o Estudo da Dor - Alameda Prof. Hernâni Monteiro - 4200-319 Porto - Tel. + 351 217 160 501 / Tm. 961 706 616 - e-mail: secretariado@aped-dor.org
Força 3P - Associação de pessoas com dor
Liga Portuguesa Contra as Doenças Reumáticas - Rua Quinta do Loureiro 13 Loja-2 - 1350-410 Lisboa - Tel. 213 648 776; Tm. 925609937 - e-mail: lpcdr@lpcdr.org.pt
MYOS Associação Nacional Contra a Fibromialgia e Síndroma de Fadiga Crónica - Av. Santos Dumont, 67, 1º, 1050-203 Lisboa - Telefone: 217973294. Tel 961 792 730 e-mail: sede@myos.pt;